top of page
  • Foto do escritorKadu Brandão

Alissan enfrenta racismo e sexismo, mas não abandona música; conheça baiana que brilhou no The Voice

Atualizado: 18 de dez. de 2020

Cantora é natural de Feira de Santana, na Bahia, e emocionou técnicos ao cantar "Triste, louca ou má" no The Voice Brasil

Foto: Reprodução/GloboPlay

Ela tem uma voz forte, assim como sua história. Alissan nasceu em Feira de Santana (BA), mas, aos 16 anos, trocou a cidade do interior pela capital Salvador (BA) por causa da música. Morando em Águas Claras, bairro popular da capital baiana, Alissan divide a casa com sua mãe, dois irmãos e o pai.


Entre tantos orgulhos em sua trajetória, há um que percebemos ao longo de toda a conversa: sua mãe Antônia. "Sou de família humilde. Filha de dona de casa com um motorista. Minha mãe já trabalhou com muitas coisas, como empregada doméstica, deu muito duro para criar seus filhos", inicia Alissan.


Aos 33 anos, Alissan subiu ao palco do The Voice Brasil em 2020 depois de ter desistido de tentar outra vez em 2019. Na temporada anterior do reality musical, ela viajou para o Rio de Janeiro, mas não conseguiu vaga para cantar. Com o apoio da irmã, de 35 anos, a baiana tentou mais uma vez e deu certo: em busca de visibilidade para o seu trabalho, Alissan fez sua primeira apresentação para Carlinhos Brown, Iza, Lulu Santos e Michel Teló interpretando a canção "Triste, louca ou má", da banda "Francisco, el Hombre".


Com sua voz potente e transbordando emoção, a baiana viu as cadeiras de Lulu Santos e Carlinhos Brown virarem para si. Para além do método de disputa, Alissan passou uma mensagem através da canção e revelou ali mesmo, no palco, que passava por um momento familiar complicado por causa de violência psicológica. Para o Ih, Miga!, a cantora explicou que a escolha da música tinha relação com a dificuldade da sua família.


"Essa música fala muito comigo, é muito importante pra mim, sobretudo por causa do momento que tenho vivenciado em minha casa, de violência psicológica. Esse transtorno entre os meus pais, que acaba atingindo a todos nós, especialmente atingindo de uma forma bem perversa aos meus irmãos, pois eles têm algumas questões. Meu irmão é autista e minha irmã é esquizofrênica, então, isso chegou de uma forma muito forte. Essa música é uma oração e um grito de liberdade da alma. Tinha que ser essa", explicou Alissan em entrevista exclusiva ao Ih, Miga!.


Apesar de Lulu ter virado a cadeira primeiro, Alissan escolheu compor o time de Carlinhos Brown pela representatividade que o artista tem em sua vida. De alma lavada ao sair do palco, ela dedicou sua classificação à sua mãe. "Minha mãe ficou extremamente contente. Ela torce muito por mim, somos muito amigas, extremamente companheiras. Eu, ela, minha irmã também. A gente tem uma relação muito forte. Já passamos por diversas coisas juntas, até mesmo pelo fato de eu nunca ter saído de casa", comenta Alissan.


Antes da apresentação nas audições do The Voice Brasil, Alissan ouviu artistas como Majur, Luedji Luna e Xênia França para encontrar a paz e vencer seus próprios medos. A cantora contou que esbarrava em medos, atitudes racistas e sexistas que já sofreu em sua carreira (não só como cantora) e que esperava um 'não' no reality musical da Rede Globo.


"Escutei essas mulheres porque isso me alimenta. Antes das audições, me deparei com monstros que viviam em mim. Medos. 'Nãos' que eu já ouvi, por conta do racismo e sexismo. Esses traumas que a gente acaba carregando e eu me deparei com eles. Tive que encarar por mais que pareça bobagem para algumas pessoas, mas isso é muito real", disse a cantora de 33 anos.


EDUCAÇÃO E MÚSICA


Responsável pela condução da sua família ao lado da mãe Antônia, a baiana mistura educação e música em sua trajetória. Formada em Letras e doutoranda em Língua e Cultura, Alissan também faz graduação em Música Popular na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Sem uma carreira como cantora, ela se apresenta em alguns recitais que acontecem em espaços culturais através da graduação.


Em seu doutorado, Alissan explicou que sofreu racismo estrutural ao apresentar sua pesquisa sobre "Empoderamento afro-baiano a partir dos discursos presentes nas letras cantadas pelo Ilê Aiyê". "Com essa proposta de pesquisa eles reprovaram meu projeto por não ter relevância para a sociedade e a ciência", contou Alissan.


Com a participação no The Voice, Alissan espera dar uma impulsionada no início da sua carreira como cantora e se emocionou com o carinho das pessoas após apresentação. "Eu estou tão grata pelo carinho, pelas mensagens, que só de saber disso já fez tudo valer a pena", se emocionou a cantora que ainda recebeu elogios da banda "Francisco, el Hombre".


FUTURO, FASE DA BATALHA, SINGLES E CLIPE


Na sexta-feira (27), um dia depois da sua apresentação no The Voice, a cantora lançou o registro audiovisual de "Ominira" em seu canal no YouTube. Viver de música ainda não é uma realidade, mas Alissan não desiste. Esbarrando nas dificuldades impostas pelo mercado musical, como grupos fechados, ela acredita que o The Voice é um dos caminhos para gerar suas próprias oportunidades para furar a "bolha" sem sair da Bahia. Até dezembro, dentro dos seus próprios passos em sua longa caminhada, Alissan pretende lançar um novo single e compor mais.

A fase das batalhas começa nesta quinta-feira (5) e a baiana está preparando sua música, virtualmente, com o técnico Carlinhos Brown. Para os fãs do reality musical, ela prometeu seu melhor para que "a música tome o espaço que é dela e seja a estrela".


Alissan participou do programa "Aumenta o Som", com Kadu Brandão, e a entrevista está disponível em todas as plataformas digitais. Em um papo de 20 minutos, Alissan abriu o jogo para PODMIGA. Ouça:






bottom of page